5 de set. de 2011

MEU AMOR MAIOR

Quase tudo o que acontece em minha vida envolve o número sete.
A história começa com a data de nascimento: mil novecentos e setenta e sete.
Aportei nesta cidade em dezessete de abril.
Primeiro dia de aula na faculdade: sete de outubro.
Como não poderia ser diferente, minha formatura, momento mágico, dezessete de outubro.
Não posso listar tudo o que acontece em torno do número sete.
Isso não cabe em minha memória.
Quantas surpresas eu terei ainda?
E o encontro com meu amor maior?
Será que envolve o número sete?
Sigo a lógica das datas.
Em dezessete de agosto ouvi, pela primeira vez, uma voz que não mais sairá da minha mente.
Em vinte e sete de agosto, os anjos ou o destino guiaram-me ao encontro da minha alma gêmea.
Mas que alma gêmea é essa que me faz sofrer?
Envolve-me e vai embora.
Sem avisar, você invade meu pensamento e por horas e horas penso em você.
Quase morro de saudades.
De repente reaparece, enlouquece-me.
Envolve-me novamente e me deixa sem palavras.
Não consigo expressar meu sentimento de amor que é único, puro, intenso, verdadeiro...
Observo-o por inteiro.
Observo você sentado naquele banco.
O brilho do seu olhar é como o brilho das estrelas.
Os cabelos grisalhos, quase brancos.
Esta é a marca de que o tempo passou.
O copo continua feito escultura, na mais perfeita forma.
Sinto seus braços que me envolvem como se fosse a primeira vez.
Sinto seu corpo, seu perfume, suas mãos delicadas.
Solto meus cabelos compridos e espero um beijo seu.
Por um instante, sinto que o sonho de tê-lo em minha vida vai ficando para traz.
E como não poderia ser diferente, tudo se acaba em dezessete de setembro.
Volto um último olhar para o ipê amarelo e florido.
Em frente a casa, flores amarelas enfeitam o chão.
Dali vou embora sem falar quase nada.
Restando apenas a mais doce lembrança.
Do meu amor maior.
Autora: Deneide T. de Carli

21 de jan. de 2011

VIAGEM DE CRUZEIRO

Você não me disse qual é a sua música.
Então, para escrever este pequeno verso, escolhi Isadora de Paul Mauriat.
Escolhi escrever ao som de harpa, violino, flauta e piano.
Assim, posso viajar até a Ópera de Arame, o Teatro Guaíra e o Museu Oscar Niemeyer.
Descendo para o sul, vou para a Terra do Fogo, beleza do fim do mundo.
Não posso esquecer-me de Buenos Aires, terra de Jorge Luiz Borges.
Vou escalar uma montanha. Lá, sinto-me em paz e meu pensamento aflora.
As cabras também vão ao cume das montanhas, sem medo.
Fotografia é a minha paixão. Então levarei a tiracolo minha máquina.
Guardarei espaço na bagagem para meu notebook.
Vou à Holanda para colher minha tão sonhada tulipa de jardim.
Vou à França apenas para abraçar carinhosamente Enzo e Júlia.
Vou passar em Portugal para comer um pastelzinho e ouvir a canção do mar.
Depois vou à Itália, terra abençoada, passear de gôndola em Veneza com meu amor.
Trazer de lá uma lembrança das artes: um cavalo, um cisne, um vaso...
Não poderei ver Pavarotti. Ele partiu antes da minha chegada.
Continuo sonhando com André Rieu e seu violino.
Penso que já é hora de retornar ao meu país: Brasil. Sempre será Brasil.
Brasil das cores verde e amarelo. Das palmeiras e das araras multicoloridas.
Lembro-me de Floripa. Meu porto seguro ainda é Floripa. É aqui que sou feliz.
Floripa das belas praias e das belezas naturais.
Da velha figueira e de seu povo que encanta.
Meu fim de tarde se completa ao ler Hobsbawm.
Meu fim de tarde se completa ao fazer minha caminhada à beira-mar e, no entardecer, contemplar o acender das luzes da cidade mágica.
Isto só é possível se eu e você estivermos unidos de corpo, alma e coração.
Esta é a história que escreverei em uma bela manhã.
Quando os primeiros raios de sol baterem na janela do cruzeiro, que partirá de algum lugar ainda incerto.
Autora: Deneide T. de Carli